A cobrança de ler sempre mais



Ano passado foi um ano bem complicado com as leituras. Eu passei por alguns momentos em que não conseguia ler quase nada, passava vários dias sem conseguir abrir um livro. Quando o ano começou, disse a mim mesma que precisava recuperar aquele tempo perdido e ler mais. No começo eu consegui: janeiro foi um mês de muitas leituras. Chegou fevereiro e as leituras diminuíram. Este mês eu me propus a ler uma quantidade menor de livros, mesmo assim, até agora só finalizei uma leitura. 

Estou reparando que tenho me cobrado muito para ler. Se eu passo uma semana sem ler nada, fico pensando que estou perdendo muito tempo, que devia estar lendo, ou que não posso passar muito tempo sem uma leitura nova. E com essa cobrança vem a sensação de que estamos lendo por obrigação, seja por conta de parcerias ou porque vemos outros lendo uma quantidade maior de livros.

Março está sendo um mês bem corrido, e como estou tentando fazer coisas novas, o tempo que tem sobrado para leitura acabou diminuindo. Eu sempre tento fazer uma leitura quando estou no ônibus ou metrô, mas as vezes não é possível. Às vezes a nossa rotina não nos permite ler uma quantidade de páginas por dia; as vezes o nosso humor não nos permite nos concentrar na leitura. Eu sei que é muito bom quando estamos lendo, a sensação de descobrir uma nova história, mas não precisamos ser uma máquina que devora um livro seguido do outro. Ainda estamos no começo do ano, não precisamos ler tudo agora, ainda temos tempo para completar a nossa meta.

De uns tempos para cá, estou lendo um livro em até dois ou três dias, e muitas vezes passo os próximos cinco dias sem ler nada. Essa pausa as vezes me deixa triste, pois fico me cobrando, mas depois vejo que não preciso fazer isso. Não é a quantidade de livros que importa, mas o que aprendermos com uma leitura, o que sentimos ao ler um livro.  

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