Os costumes da sociedade no século XIX

seculo xix

Eu sou completamente apaixonada por romances de época. Depois que descobri as maravilhas desse gênero, eu não consigo mais ficar sem ler um livro do mesmo. Me apaixonei por Orgulho e Preconceito, passando para os mais atuais, como: Julia Quinn, Loretta Chase, Sarah MacLean, Lorraine Heath etc. Se deixar, eu passo o ano inteiro só lendo livros desse gênero e acabo esquecendo dos demais. Quem lê muitos romances de época, sempre percebem algumas características e semelhanças nas obras. Geralmente os livros são ambientados na Inglaterra, no século XIX. Todos esses romances mostram os vários costumes da sociedade no que se referem a etiquetas, vestimentas e todas as regras que redigiam aquela época em questão. Sempre que eu leio esses romances, eu fico me perguntando como seria viver nessa época e quais eram os costumes. E com base nessa curiosidade, eu resolvi criar esse post para vocês que também possuem essa curiosidade.

A SOCIEDADE 

Antes de tudo, precisamos entender um pouco como era o ambiente no século XIX. Entre os principais detalhes da época era o papel da mulher, ela deveria desempenhar na sociedade o papel de mãe e esposa, e era através do casamento que ela poderia fazer alianças políticas e financeiras importantes para sua família, como: salvar uma propriedade comprometida por dívidas e até subir algumas posições na sociedade. Mas, para isso ela deveria cumprir algumas exigências, uma delas era o dote, terras, qualquer tipo de renda e até mesmo um título que poderia, no futuro, ser passado para seu esposo e filhos. Mesmo alguns deslizes morais, desde que não muito escandalosos, poderiam ser tolerados diante de um bom dote.

Uma das principais regras do casamento entre as classes médias e altas era a de que uma moça só poderia se casar após ser apresentada formalmente à sociedade, através de um baile de debutante. Na Inglaterra e em outras monarquias, era oferecido um baile durante o qual as filhas eram apresentadas à Corte e passavam a existir oficialmente entre a nobreza. Depois de ser apresentada à sociedade, uma jovem não deveria esperar muito tempo antes do noivado. Também havia certa urgência em realizar os arranjos matrimoniais, o que podia ser postergado se a moça ainda fosse muito jovem. Aparecer por três anos seguidos na temporada social sem conseguir um casamento podia abrir espaço para fofocas: a noiva talvez não fosse virtuosa ou, pior, não tivesse um dote atraente. Com isso, suas possibilidades de fazer um bom casamento começavam a diminuir. 

Ao contrário do que possa parecer, nem todos os casamentos do século XIX eram um mero arranjo entre famílias, com objetivos comerciais. Ao longo do século, conforme a ideia de amor romântico vai se disseminando na sociedade, mais pais começavam a levar em consideração as afeições dos filhos, mas isso não é de forma alguma uma regra (Quando lemos sobre isso, lembramos sempre da família Bridgertons que sempre buscava o amor em primeiro lugar). O que era realmente comum era que o cônjuge fosse escolhido dentro das relações da própria família: podia ser um irmão ou irmã do melhor amigo, primos distantes, vizinhos.

O que se deveria evitar sempre era “casar abaixo de suas possibilidades”: desposar alguém que estivesse numa posição social inferior ou não fosse pelo menos tão rico quanto você. Para evitar que as fortunas saíssem das famílias, casamentos entre parentes de primeiro grau eram comuns.  


ACERTANDO OS DETALHES

Engana-se quem pensa que a proposta de casamento era do homem direto para a mulher. Todos os detalhes eram intermediados entre as famílias, a proposta nunca poderia partir da mulher. Por uma questão de educação, as mulheres deveriam ser poupadas do conhecimento de todos os detalhes financeiros daquele que seria, idealmente, o ponto alto da vida de uma jovem. Casais que já se conheciam podiam ter um pré-pedido antes de o rapaz comunicar suas intenções à família. Após a família dessa jovem aceitar proposta da família do rapaz, eles se tornavam oficialmente noivos e ele passava a frequentar a casa dela. Na primeira visita oficial, era marcado um jantar de noivado, um evento íntimo reunindo apenas as famílias dos jovens, realizado na casa da noiva. Era durante esse jantar que o rapaz entregada uma aliança a sua noiva; e ela podia retribuir com um medalhão contendo seu retrato ou alguns cachos de seu cabelo.

FAZENDO A CORTE

Era considerado um noivado ideal aquele que durasse em média de três semanas a alguns meses. Noivados muitos longos ou muitos curtos poderiam levantar suspeitas. Entre o noivado e o casamento, um noivo rico deveria mandar flores todos os dias à noiva e à mãe dela. No começo do século, essas flores deveriam ser totalmente brancas, mas a partir dos anos 1870, por influência oriental, adota-se um novo costume: as flores vão passando do branco ao rosa, até se tornaram púrpuras na véspera do casamento. Além de enviar flores, o noivo deveria visitar diariamente sua futura esposa para “fazer a corte”, mas sob certas regras:

  • Não podia ficar a sós com ela. Sempre haveria a mãe ou outra pessoa de confiança da família presente no ambiente;
  • Não podia manter contato físico com ela;
  • Deveria se mostrar controlado, sem manifestar amor excessivo pela jovem;
  • Deveria aproveitar o tempo da corte para conhecer melhor a noiva, mas evitando assuntos impuros ou do mundo masculino, como política e religião.

Da noiva, esperava-se que se mostrasse recatada, inocente e que não falasse sobre política ou demonstrasse excessiva inteligência, pelo menos não maior que a do noivo. Durante o noivado, a moça deveria se encarregar do seu enxoval (Nessa hora, eu me lembrei da Minerva Dodger, de Codinome Lady V, que não seguia nenhuma dessa regras quando estava sendo cortejada por um pretendente).
Com base nessas informações, podemos ver que a mulher não possuía qualquer voz ativa no que diz respeito às escolhas sobre seu futuro. Mas ainda bem que temos nossas autoras fantásticas que sempre trazem mocinhas empoderadoras que desafiam muitas dessas regras e não aceitam menos do que merecem.

Espero que esse post tenha matado um pouco da sua curiosidade. Falar sobre a sociedade, tanto no século XIV, como em outros, sempre rende muito assunto interessante. 


Fonte de pesquisa: Casarão Noivas





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