[RESENHA] Proibido - Tabitha Suzuma


Ela é doce, sensível e extremamente sofrida: tem dezesseis anos, mas a maturidade de uma mulher marcada pelas provações e privações da pobreza, o pulso forte e a têmpera de quem cria os irmãos menores como filhos há anos, e só uma pessoa conhece a mágoa e a abnegação que se escondem por trás de seus tristes olhos azuis.Ele é brilhante, generoso e altamente responsável: tem dezessete anos, mas a fibra e o senso de dever de um pai de família, lutando contra tudo e contra todos para mantê-la unida, e só uma pessoa conhece a grandeza e a força de caráter que se escondem por trás daqueles intensos olhos verdes.Eles são irmão e irmã.Com extrema sutileza psicológica e sensibilidade poética, cenas de inesquecível beleza visual e diálogos de porte dramatúrgico, Suzuma tece uma tapeçaria visceralmente humana, fazendo pouco a pouco aflorar dos fios simples do quotidiano um assombroso mito eterno em toda a sua riqueza, mistério e profundidade.

Romance Contemporâneo | 304 Páginas | Tabitha Suzuma  | Editora Valentina Skoob Classificação: 5/5  | Leia um trecho aqui 

"Como uma coisa tão errada pode parecer tão certa?"

Como um livro pode me deixar tão arrasada? Já faz alguns meses que li esse livro, mas até agora, não havia postado a resenha dele, porque, para mim, ela não estava completa; eu não havia escrito nela tudo o que senti enquanto estava lendo “Proibido”. Posso descrever a leitura do livro como arrasadora. Fico tentando encontrar uma forma de começar essa resenha, de começar a descrever cada parte do livro, cada parte que me deixou à beira das lágrimas, chorando pelos cantos, ou tentando esconder as lágrimas de quem estava ao meu lado. Todos que escrevem resenhas já passou por isso: não saber o que escrever, nesse caso não existem palavras que descrevam a metade do que sentimos ou do que queremos passar para os leitores. Tentarei, mas tenho certeza que não conseguirei expressar tudo o que quero falar sobre esse livro. 

Primeiramente, para ler esse livro, você precisa ter uma mente aberta. Creio que nem todos gostarão do tema do livro. Alguns se sentirão incomodado pela narrativa, outros julgarão o conteúdo. Por isso, tenha uma mente aberta e, também, abra seu coração para sentir tudo o que a leitura desse livro lhe proporcionará. Logo no início do livro, eu sabia que não ficaria bem quando chegasse ao fim. Foi uma montanha-russa de emoções, que espero que vocês também sintam ao ler essa obra.   

A trama gira em torno de Maya e seu irmão Lochan. Eles são basicamente os responsáveis pelo cuidado casa, cuidado dos irmãos, e por manter a família unida. Seu pai os abandonou quando eles eram crianças, e por ser o mais velho, Lochan se viu na posição de responsável por tudo dentro de casa. Ele sempre pôde contar com a ajuda de Maya para tudo, ela sempre foi seu porto seguro, a pessoa que ele mais confiava.  A mãe das crianças é uma alcoólatra, que não se importa com os filhos. Digo isso pelo fato de ela estar sempre bêbada, vive saindo para se divertir, ficando dias fora de casa, sem querer saber como estão os filhos, os abandonando e deixando o peso da responsabilidade nas costas de seus filhos mais velhos.

Lochan e Maya precisam dividir seu tempo entre cuidar dos irmãos, escola, tarefas da casa e manter as crianças na linha e longe de problemas, deixando-os sempre sobrecarregados. Além disso, Lochan ainda enfrenta dificuldades para se socializar com outras pessoas, principalmente na escola, tornando-se alvo de olhares por parte de seus colegas. Porém, sempre encontra apoio em Maya sempre quando tudo parece que não tem mais jeito, quando tudo fica difícil de suportar.  

“Antes que houvesse qualquer coisa, havia Lochan. Quando olho para o passado, com seus dezesseis anos e meio, Lochan sempre esteve nele. Indo para a escola ao meu lado, me empurrando num carrinho de supermercado a toda a velocidade por um estacionamento vazio, vindo me socorrer no pátio da escola quando provoquei uma rebelião por chamar a queridinha da turma de “burra”. [...] Agora sei que nem sempre Lochan vai estar aqui, que não vai poder me proteger eternamente.”

A leitura desse livro não é fácil. Não somente pelo tema que ele aborda, mas por tudo o que as crianças precisam enfrentar, por tudo o que Lochan e Maya precisam enfrentar para proteger os irmãos. O maior medo dos dois é que alguém descubra que eles foram “abandonados” pela mãe e os separem de alguma forma. O livro não aborda apenas um único assunto, ele dá um “tapa na cara”, nos fazendo perceber que a autora quis mostrar além do que está nas páginas. Ela faz claramente uma crítica social. Ela faz isso com leveza e sensibilidade, que fica muito difícil não se envolver com todo o drama que envolve os personagens.

Tabitha Suzuma criou uma história maravilhosa, linda, emocionante. Ao mesmo tempo em que eu não queria parar de ler, eu precisava, porque não estava conseguindo continuar. Eu sofri demais! Eu sorri, eu chorei, eu me revoltei. Eu quis abraçar os personagens, consolá-los de alguma forma. Os personagens que Suzuma construiu são reais, com problemas reais, com sentimentos reais… Eu me apaixonei por cada um deles, sem restrições. Tabitha me ganhou, ela ganhou meu coração, a minha total atenção desde as primeiras páginas do livro. A forma como ela desenvolveu o relacionamento de Maya Lochan foi tão natural, que por vezes, esquecia que era um amor proibido e torcia com fervor para os dois. O amor dos dois cresceu a partir de cada momento compartilhado juntos, de cada conversa, de cada momento de tristeza pela mãe, pelo sofrimento de ambos, pela amizade verdadeira, pelo apoio que eles encontravam no outro.

E, embora tenha caído de amores pela narrativa, meu ódio pela mãe das crianças foi às alturas. Odiei cada coisa pelo qual eles tiveram que passar, por todo o sofrimento
. O que me incomodou não foi o incesto, mas todo o drama da família. Suzuma criou uma história emocionante, arrasadora, tocante; é triste, é pesada, é envolvente. O livro deixará o leitor encantado, apaixonado e também revoltado. O final é revoltante, que eu não consegui acreditar que tudo tenha terminado daquela forma. Meu coração foi mais uma vez partido pela história de um livro.

Proibido é um livro que, para você ler, precisa estar preparado para tudo o que sentirá durante a leitura. É preciso estar preparado para chorar muito. Ele tornou-se meu favorito, um dos mais lindos que já li. Tabitha Suzuma ganhou o meu coração e me surpreendeu. No final do livro, eu estava desse jeito:






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