Baseado em fatos reais e em parte narrado por uma geração que morreu em decorrência da Aids, o livro segue os passos de Harry e Craig, dois jovens de 17 anos que estão prestes a participar de um desafio: 32 horas se beijando para figurar no Livro dos Recordes. Enquanto tentam cumprir sua meta — e quebrar alguns tabus —, os dois chamam a atenção de outros jovens que também precisam lidar com questões universais como amor, identidade e a sensação de pertencer.
Jovem Adulto | 224 Páginas | Editora Galera Record | Skoob | Classificação: 5/5 ♥
“Vocês não tem como sabe como é para nós agora; sempre estarão um passo atrás. Agradeçam por isso.”
Conheci o autor David Levithan através do livro "Will & Will", que infelizmente não tem resenha aqui no blog, mas posso dizer com toda a certeza que foi uma leitura incrível. Ano passado comprei um box do autor que contem três livros: Garoto encontra garoto, Dois garotos se beijando e Will & Will. Os livros ficaram na minha estante, e esse ano, decidi ler “Dois garotos se Beijando”. Creio que todos que já leram algum livro do David Levithan sabe os assuntos que ele costuma tratar em seus livros. Muitas vezes seus livros fala sobre a homossexualidade. Nem sempre esses livros são tão bem recebidos, muitos são alvos de críticas e protestos.
“Foi uma ironia delicada: quando paramos de querer nos matar, começamos a morrer.”
Quem começa a ler “Dois garotos se Beijando” se sente um pouco perdido no começo. Se você não ler a sinopse, você não saberá quem é o narrador. Durante a narrativa, somos apresentados a vidas de sete jovens. Lemos sobre suas vidas e sobre os preconceitos que eles precisam enfrentar. O ponto principal no livro é o record que Harry e Craig querem quebrar. Esse desafio é para entrar no livro de records com o beijo mais longo do mundo. Para isso, eles contam com a ajuda de seus amigos, professores e coordenadores da escola. Decidido o dia, eles vão até o gramado da escola, acompanhados de várias câmeras para gravarem e transmitirem o acontecimento ao vivo para o mundo todo. Para que seja possível, eles também contam com a ajuda da policia para garantirem a segurança de todos que estão ali.
Quando o evento começa a se espalhar, o gramado da escola começa a se encher de pessoas que querem ver de perto - seja para apoiar ou para protestarem contra. Harry e Craig sabiam que não seria fácil para eles, que haveriam pessoas que os xingariam, que os ofenderiam. Durante o período em que estão ali, a história dos dois garotos começa a ganhar uma grande repercussão. Pessoas de vários países declaram seu apoio através de depoimentos em sites, blogs e em redes sociais. Mas como sempre, há aquelas pessoas que não entendem e começam a tentar atingi-los com palavras e até mesmo agressões. No entanto, o que Craig mais teme é a reação de sua família que não sabe sobre ele, nem sabe sobre o beijo.
“E sua mãe acompanharia seu pai nisso. Eles tinham suas crenças. E suas crenças eram mais fortes do que qualquer crença que tinham nele.”
“Nossos beijos eram sísmicos. Quando vistos pela pessoa errado, podiam nos destruir. Quando compartilhados com a pessoa certa, tinham o poder da confirmação, a força do destino.”
Em contrapartida, vemos outro casal: Avery e Ryan. Ambos se conheceram durante uma festa. No dia seguinte, eles decidiram se conhecer melhor. Na mente de Avery, Ryan não o aceitaria. Isso porque Avery é transexual.
Já Neil e Peter namoram há algum tempo. E, embora os pais de Neil saberem sobre o garoto, eles ainda se mantém afastados, como se entendessem, mas ao mesmo tempo não aceitassem muito bem. Os pais de Peter conhecem Neil e o adora. Já os pais de Neil sabem sobre o relacionamento do filho, mas nunca tocam no assunto.
Também conhecemos Cooper. Diferente dos outros personagens, os pais dele não sabem sobre a orientação sexual do filho. Até o dia que por um descuido, eles acabam descobrindo da pior forma. A reação dos pais foi muito diferente do que Cooperimaginara. Para não ter que continuar brigando com o pai, Cooper foge; pega o carro e vai embora sem saber para onde ir. Agora Cooper precisa decidir que destino segui, ou se voltaria para casa e enfrentaria os pais.
“Nossa expectativa de desafio não é nenhum pouco como a experiência de desafio em si. Se pudéssemos sentir as coisas que tememos antes da hora, ficaríamos traumatizados.”
Com esse livro David Levithan se tornou um dos meus escritores favoritos. Fiquei presa na história, sem conseguir parar nem por um minuto. A narrativa é incrível. As mensagem que o livro traz são para refletir. As frases que encontrei durante a leitura tornam o livro ainda melhor e marcante.
“Sabemos que alguns de vocês ainda sentem medo. Sabemos que alguns de vocês ainda estão em silêncio. Só porque está melhor agora não quer dizer que é sempre bom.”
Como disse no começo da resenha, a narração desse livro é feita de forma diferente. Ele é narrado por uma geração que morreu em decorrência da AIDS. Essa forma de narrar o livro foi uma ótima surpresa para mim. A todo momento, eles torcem por essa geração. Torce pelo futuro dos jovens. Outro ponto forte nesse livro são, é claro, os personagem. Embora nenhum deles se conheçam, eles são parecido pelas histórias, pelas experiência, pelo sofrimento; esse é o fator que mais os aproximam. A luta de cada um deles é igual, os preconceitos sofridos são os mesmo, as dificuldades sãs as mesmas.
“O silencio é igual a morte, nós dizíamos. E por baixo disso havia a suposição, o medo de que a morte fosse igual ao silêncio.”
“Dois Garotos se Beijando” acima de tudo traz no seu conteúdo uma enorme critica a sociedade. Ao preconceito que está presente em cada canto. O livro é leve e fluido, mesmo tendo um conteúdo pesado. É um livro pequeno, mas com uma narrativa emocionante, reflexiva e impactante.
Se você é fã do autor, gosta de livros com assuntos pertinentes ao mundo em que vivemos; busca um livro com lições valiosas, um livro emocionante, eu indico “Dois garotos se Beijando”.
“A ignorância não traz felicidade. Felicidade é saber o significado total do que se recebeu.”
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