O deserto de Miraji é governado por mortais, mas criaturas míticas rondam as áreas mais selvagens e remotas, e há boatos de que, em algum lugar, os djinnis ainda praticam magia. De toda maneira, para os humanos o deserto é um lugar impiedoso, principalmente se você é pobre, órfão ou mulher.
Amani Al’Hiza é as três coisas. Apesar de ser uma atiradora talentosa, dona de uma mira perfeita, ela não consegue escapar da Vila da Poeira, uma cidadezinha isolada que lhe oferece como futuro um casamento forçado e a vida submissa que virá depois dele.
Para Amani, ir embora dali é mais do que um desejo — é uma necessidade. Mas ela nunca imaginou que fugiria galopando num cavalo mágico com o exército do sultão na sua cola, nem que um forasteiro misterioso seria responsável por lhe revelar o deserto que ela achava que conhecia e uma força que ela nem imaginava possuir.
A Rebelde do Deserto é o romance de estreia da autora Alwyn Hamilton. Desde que comecei a ler os poucos comentários a respeito dessa obra, venho me contendo para não ler na frente das outras leituras. Por isso, é sempre difícil escrever uma resenha de um livro que tenha gostado tanto. Mas vou tentar descrever o quanto esse livro é incrível e o quanto sua narrativa é eletrizante e surpreendente.
A obra gira em torno da jovem Amani e tem como pano de fundo o deserto de Miraji. Depois da morte de seus pais, Amani passa a mora com seu tio. Sua convivência ao lado de seus familiares não é nada agradável. Isso porque a jovem vive com a certeza de que não há nada de bom para ela na cidade de Vila da Poeira. Seu destino - assim como de todas as mulheres que vivem ali - é aceitar que sua vida está nas mãos dos homens; são eles que decidem tudo na vida delas: sua posição social, casamento e até as agressões que sofrerão. Essa não é a vida que Amani deseja para ela, ela não quer ser mais uma das muitas esposas que seu tio tem. Por isso, ela arrisca tudo e decidi fugir dali. Ela quer que tudo seja diferente; quer uma vida diferente. Disfarçada de menino, ela segue em busca de uma nova vida. O resultado é uma aventura cheia de mistérios, batalhas e uma paixão avassaladora. Em sua luta por mudanças, ela vai descobrir muito mais sobre si mesma e pelo o que vale a pena lutar e morrer.
“- Sou uma garota que poderia ter me tornado qualquer coisa se tivesse nascido homem. – Shazad disse. – Mas nasci mulher, então estou fazendo isto.”
Amei esse livro por diversas razões: para começar, sou apaixonada por mitologias, sejam elas quais forem, e quando vi que o plot central desse livro seria muito similar a mitologia Árabe, nem preciso dizer como fiquei empolgada em realizar a leitura. Outro ponto importante que me fez amar o livro foi a critica social que ele traz na narrativa. Aqui vemos os costumes desse povo: as desigualdades econômicas, suas guerras, qual o valor da mulher e o papel que ela representa. Mesmo sendo um livro de fantasia, a autora nos mostra um fundo de verdade por traz da história. Aqui vemos como as mulheres são tratadas, como o fato de não terem nascidos homens a colocam em uma posição onde são usadas como meros objetos, onde são vitimas de abusos e agressões. E é ótimo ver como Amani luta pelos seus ideais, como ela luta por igualdade e por um lugar melhor para se viver. Amani é forte, decidida, destemida, irônica, corajosa e guerreira. Tudo que mais gosto em uma protagonista feminina. A cada capítulo ela me surpreende por suas escolhas, sempre sincera e com uma força incrível. E melhor ainda, é ver o quanto ela amadurece ao longo da narrativa.
"Eu tinha passado a vida sonhando que minha história começaria quando finalmente chegasse a Izman. Uma história escrita em lugares distantes com os quais eu nem sonhava ainda. No meu caminho até lá, eu me livraria do deserto até não sobrar nenhum grão de areia para marcar as páginas."
Logo de inicio, a narrativa eletrizante nos prende e nos deixa centrados na história. Alguns nomes místicos no começo da obra foram um pouco complicados, mas nada que não se resolva no desenrolar da trama. Toda a aventura, os mistérios e ação tornam o livro ainda mais especial. Tudo isso pelo ponto de vista da Amani, o que deixa a narrativa ainda melhor. Com sua determinação, ela vai mostrar do que as mulheres são capazes e de como podemos vencer e conseguir tudo o que desejamos. Além da Amani, também temos Jin, um forasteiro inteligente, divertido e muito misterioso; que é um dos pontos principais do livro. Fica bem obvio a existência de um romance aqui, o que não torna o livro menos empolgante. Os personagens secundários também são cativantes e envolventes.
"Talvez eu tivesse olhos que me traíam, mas Jin com certeza tinha o tipo de sorriso capaz de converter impérios inteiros. O tipo de sorriso que me fazia sentir que o entendia direitinho, embora não soubesse nada sobre ele. O tipo de sorriso que me fazia sentir que éramos capazes de qualquer coisa juntos."
Por fim, A Rebelde do Deserto é um livro com bastante ação, reviravoltas, e personagens divertidos e especiais. Uma narrativa cheia de mistérios e fantasia, que agradará a todos os tipos de leitores. Estou apaixonada por esse universo e não vejo a hora de ler os próximos livros.
Comentários
Postar um comentário