Essas são as perguntas que me perseguiram desde a minha adolescência, sentimentos de impotência, de achar que não sou boa o suficiente para sociedade, de nunca me achar linda o suficiente. O mundo tem muito estereótipos, possui padrões, mas cada pessoa tem um pensamento, uma opinião, e com base a isso, vai criando a sua família, e a nova geração não aguenta e se sente presa num ciclo onde não sabe como alcançar as expectativas que seus pais criaram sobre você. É triste, mas é a nossa realidade. Digo por mim mesmo, que hoje, prestes a completar 28 anos, me pego analisando a minha vida, comparando-a com a vida dos outros. Vejo muitos amigos, bem mais novos que eu, com família formada, conquistando a carreira profissional, viajando e postando fotos nas redes sociais e mostrando aqueles sorrisos da família inteira, enquanto eu estou aqui: desempregada, solteira e com aquele sentimento de que não valho nada. Para quem não me conhece, sou deficiente auditiva, com perda de leve a moderada, uso aparelho auditivo e levo uma vida normal como todos, mas, a sociedade não me vê dessa forma, sabe como eles me veem? Como uma garota que é doente mental, ao qual não possui capacidade para fazer grandes coisas ou até mesmo realizar tarefas difíceis.
O bullying foi minha amiga durante toda a minha vida, sofri as piores humilhações que alguém poderia imaginar, desde apelidos horrorosos por conta de eu ser extremamente magra e por ser cristã e seguir os princípios a risca; até o ponto de eles fazerem brincadeiras terríveis, jogando meus materiais no chão no meio da classe de aula e todos a minha volta rirem, até o próprio professor. Enquanto eu chorava, eles riam de mim, e eu ia embora para casa tentando engolir o choro para não contar para minha família, pois sabia que de nada adiantaria. Eles até poderiam ir à escola para pedir a que eles até mesmo de doutorado, a sociedade ainda vai te olhar como alguém inferior só porque você tem um mera dificuldade de ouvir perfeitamente.
Eu mesmo já levei muitos "nãos" por causa disso, levo até hoje. Com o passar do tempo eu fui guardando isso dentro de mim, ouvindo das pessoas que eu deveria correr atrás dos meus sonhos. Outros simplesmente dizem que eu preciso casar, ter um marido, até porque chegar a minha idade e nunca ter tido um relacionamento é um problema e eu só seria considerada uma "pessoa" se eu tivesse uma aliança no dedo. Falam que eu preciso fazer um concurso público, porque este me dará um emprego pelo resto da vida, e assim estaria financeiramente estabilizada. É... o mundo quer ditar as regras, mas a gente não quer segui-las, porque não é assim que achamos que conseguiremos ter a tal felicidade, o mundo mostra que sim, mas você sabe que no fundo não é isso que você quer. Difícil conversar com esse mundo, viu? Mas quer saber, esse tal de mundo é só um mero cenário, então eu sou a protagonista que vive nele.
Nos filmes e livros mostram que é o personagem quem constrói a sua história e não o cenário, então sou eu quem tenho que construir minha história, sou eu quem tenho que mostrar e falar o que eu quero para mim. Se ele tiver regras, quebre! Se ele te impor padrões, mostre que você não vai seguir. Dê as caras. Mostre quem é você de verdade. Se liberte dos seus medos. Encontre a alegria e a felicidade naquilo que importa, no que você sabe que te fará sentir-se bem. Está na hora de parar de se importar com que os outros pensam sobre você, você não deve nada a eles, não são eles que farão a sua vida continuar rodando, é você.
Desculpe Mundo, mas você é só o cenário da história da minha vida e eu posso muito bem mudar, deixar ver até onde vai dar, vou cometer meus erros e aprender com eles, mas vou continuar a viver, vou ser feliz a minha maneira e não a sua. Desculpe Mundo, mas a vida é minha e tenho total autonomia para decidir o que é melhor para mim.
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Esse foi um texto sobre a minha vida, sobre como eu consegui driblar a depressão. Não foi fácil, mas eu consegui. Só digo para você: você é o dono da sua vida, é você quem decide como quer que ela seja; aonde quer chegar. Cuide de você. Se liberte. Voe. Sonhe. Continue a nadar, mas, por favor, não desista da sua vida, ela é preciosa demais para deixar se vencer pelo Mundo.
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Depoimento de Nathália Bastos, autora do blog BIBLIOTECA LECTURE
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