Em 1589, o padre e demonologista Peter Binsfeld fez a ligação de cada um dos pecados capitais a um demônio, supostamente responsável por invocar o mal nas pessoas. É a partir daí que Raphael Montes cria sete histórias situadas em um vilarejo isolado, apresentando a lenta degradação dos moradores do lugar, e pouco a pouco o próprio vilarejo vai sendo dizimado, maculado pela neve e pela fome.
As histórias podem ser lidas em qualquer ordem, sem prejuízo de sua compreensão, mas se relacionam de maneira complexa, de modo que ao término da leitura as narrativas convergem para uma única e surpreendente conclusão.
Terror | 96 Páginas | Editora Suma de Letras | Skoob | Classificação: 5/5
Finalmente consegui ler esse livro! Não costumo ler muitas histórias de terror. Mas desde o ano passado, comecei a me arriscar mais com esse gênero. Esse é um livro que estava na minha meta de leituras desde o ano retrasado. Quando li a primeira resenha dele, fiquei empolgadíssima com a ideia de lê-lo. Não conhecia muito sobre a obra e nem sobre o autor, mas conforme lia as resenhas e comentários dos leitores, sabia que não me arrependeria da escolha.
De inicio não sabia que o livro consistia em vários contos. Para mim, era um texto corrido. O Vilarejo é composto por sete contos, que ocorrem no mesmo vilarejo. Cada conto faz alusão a um dos sete pecados capitais: Asmodeus (luxúria), Belzebu (gula), Mammon (ganância), Belphegor (preguiça), Satan (ira), Leviathan (inveja) e Lúcifer (soberba). Em 1589, o padre e demonologista Peter Binsfeld classificou esses demônios e de acordo com ele, cada um dos demônios, os Sete Reis do Inferno, era responsável por invocar um pecado capital nos seres humanos. É a partir desse estudo que Raphael Montes dá vida as histórias envolvendo os moradores desse pequeno vilarejo.
Assim que iniciamos a leitura, o autor se apresenta como o tradutor desses contos que foram doados a um sebo pela neta da antiga dona. Cada conto pode ser lido em qualquer ordem. Cada um foca em um demônio e num pecado. Cada conto está direta ou indiretamente lidado. Como todos os personagens moram no mesmo vilarejo, cada um participa, mesmo que indiretamente da história do outro. Essa ligação foi uma das coisas que mais gostei no livro.
Logo no primeiro conto, tive a certeza que seria uma leitura maravilhosa. A narrativa é fluida, instigante e apavorantes. Cada conto acompanha uma ilustração que serve para enfatizar o quanto horrendo é as histórias. Ao passo que avançava com a leitura, fui percebendo o quão horrível o ser humano pode ser. Raphael Montes mostra claramente como o ser humano pode ser podre; como ele pode ser mesquinho, cruel, invejoso e ganancioso. No começo do livro o autor faz uma citação: “O caráter do homem é o seu demônio”. Quando estava lendo, me passava pela cabeça como uma pessoa pode ser tão desprezível. Mas aí, quando parei e pensei melhor, percebi que lá no fundo não somos diferentes. Que se nos víssemos a meio a fome, a guerra, faríamos qualquer coisa para sobreviver e nos mantermos seguros. Em cada conto sentimos nojo, desprezo e raiva. O autor narra cada morte, cada violência, cada pensamento de uma forma maravilhosa, que não conseguimos parar de pensar, de formar as cenas nas nossas mentes.
Não poderia ter feito escolher melhor do que esta. É um livro incrível, fácil de ser lido, muito bem escrito e horripilante. Mas acima de tudo, O Vilarejo é mais que um livro de terror, é uma obra que retrata a podridão humana e descrever o pior da humanidade.
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