Em 1974, a irmã de Bernardo Kucinski, professora de Química na Universidade de São Paulo, é presa pelos militares ao lado do marido e desaparece sem deixar rastros. O pai dela, dono de uma loja no Bom Retiro e judeu imigrante que na juventude fora preso por suas atividades políticas, inicia então uma busca incansável pela filha e depara com a muralha de silêncio em torno do desaparecimento dos presos políticos. K. narra a história dessa busca.
Lançado originalmente em 2011 pela editora Expressão Popular, em 2013 ganhou nova edição pela Cosac Naify, e finalmente, em 2016, chegou à Companhia das Letras. Ao longo desses anos, K. se firmou como um clássico contemporâneo da literatura brasileira.
Ficção | 176 Páginas | Editora Companhia das Letras | Skoob | Classificação: 5/5
Li (e conheci) esse livro por conta de uma solicitação de leitura da matéria de Redação na Faculdade. Confesso que se não fosse por isso eu não o teria lido – não no momento, pelo menos. Até porque eu não o conhecia. Mas digo para vocês que ainda bem que conheci e li.
K. - Relato de uma busca, foi escrito por Bernardo Kucinski e trata-se de uma história que ao mesmo tempo em que é verídica também é uma ficção. O livro retrata a busca incansável de um homem pela sua filha que simplesmente desapareceu da faculdade onde lecionava. A filha era professora de Química e desapareceu durante a Ditadura Militar. Como eu disse, o livro é real e também ficcional. Digo isso pela história da irmã do autor que também desapareceu durante a Ditadura Militar.
Essa foi a primeira leitura que fiz de um livro que se passa durante o regime militar. E não me arrependo nenhum pouco de ter lido essa obra.
O melhor é que começamos a imaginar que de certa forma a personagem desaparecida do livro foi “baseada” na irmã do Kucinski; que ela viveu, mas que nunca foi encontrada pelos seus familiares; digamos que esse fato torna a leitura ainda mais pesada. Porque tudo o que lemos nos faz imaginar o quanto deve ter sido difícil para todos durante o tempo em que a procuraram, e a cada procura, não obtiveram nenhuma noticia, mas que mesmo assim, mantiveram a esperança de um dia a encontrarem.
Alguns podem considerar a leitura um pouco árdua. É um livro que te afeta de diversas maneiras. Você começa a imaginar de como tivemos sorte de não ter nascido nessa época. Você se pega imaginando como deve ter sido a vida das pessoas que tiveram filhos, pais, mães, irmãos desaparecidos; sem saber se continuavam vivos. Durante a leitura paramos para pensar em quantas pessoas não foram mortas e torturadas; no sofrimento dos familiares que nunca tiveram a chance de se despedirem de seus entes queridos; de como nunca tiveram a chance de enterrarem os corpos, pelo fato de não existirem um corpo para enterrar.
K. apesar de ser um relato de um pai em busca de sua filha, também é um relato de todos aqueles que procuraram sem descanso, sem desanimar pessoas que desaparecem sem deixar rastros. É a história de pessoas que nunca desistiram da procura, e que mesmo quando lá no fundo sabiam que nunca encontrariam os desaparecidos, mantiveram a fé e a esperança.
E o mais impressionante é que quando estava lendo, eu parava e começava a pensar como que ainda pode existir pessoas que pedem pela volta da ditadura. Será que ninguém ao menos leu um pouco sobre todas as atrocidades que ocorreram durante esse período? De como esse foi um momento mais vergonhoso e cruel de toda a nossa história?
K. é um livro que te faz refletir. É impossível lê-lo e não pensar em todas as pessoas que perderam suas vidas; que desapareceram e que nunca foram encontradas.
Kucinski nos apresenta uma obra que comove, nos faz refletir, nos cativa e nos convence. Foi uma ótima experiência que tive durante a leitura. RECOMENDO!
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