[NETFLIX] Cara gente branca - Primeira Temporada

Bom, para começar, estava bem ansiosa pelo lançamento dessa série, desde que vi o primeiro trailer e a notícia de quando ela estaria no catálogo da Netflix. Ainda não tive a chance de assistir o filme que deu origem a série, mas agora, depois de terminar esta temporada, quero muito ver o filme. O assunto abordado na série é de meu interesse, não sei se todos podem dizer o mesmo. Falo isso pelo quantidade de pessoas que vi falando sobre a série; não foi a mesma coisa em comparação com 13 Reasons Why. Os temas abordados pelas duas séries deveriam ser debatido por muitas pessoas. No entanto, enquanto 13 Reasons Why foi um estouro, notícias e mais notícias sobre a série começaram a circular pela Web, hashtags feitas, vários compartilhamentos, Cara Gente Branca não teve tanta repercussão assim... O que quero dizer, é que 13 Reasons Why fez um enorme sucesso, mas por que, que com Cara gente branca não foi a mesma coisa? Ambas falam de temas pesados, que faz parte da nossa sociedade, mas por que podemos falar sobre depressão, bullying, suicídio, abuso sexual e machismo, mas, não podemos falar sobre racismo? Não estou com isso querendo dizer que não deveríamos falar sobre o que citei primeiramente, longe disso, mas o racismo não deveria ser um tema forte, que deveria ser debatido também, com a mesma força que os outros temas? 

A série apresenta a história de um grupo de estudantes negros enfrentando o racismo estrutural dentro de uma universidade. Eles estudam numa conceituada universidade norte-americana, majoritariamente frequentada por pessoas brancas. Tudo começou quando um grupo de alunos (brancos) resolveram dar uma festa blackface, ou seja, uma festa com pessoas que se pintam de negros. É, a partir desse ponto que vários alunos se posicionam contra o racismo dentro da universidade.

Em 1997, o grupo Racionais escreveu em uma de suas músicas: "60 por cento dos jovens de periferia sem antecedentes criminais. Já sofreram violência policial. A cada quatro pessoas mortas pela policia, três são negras. Nas universidades brasileiras apenas 2 por cento dos alunos são negros. A cada quatro horas, um jovem negro morre violentamente em São Paulo". Foi dessa forma que o grupo iniciou a música "Capítulo 4, Versículo 3".  As coisas mudaram após esses 20 anos? Sim, mudaram! Porém, está longe das coisas serem perfeitas. Para vocês terem uma ideia, váááárias pessoas ameaçaram boicotar a Netflix, outras cancelaram a assinatura da mesma, tudo isso, porque essas mesmas pessoas acusaram a série de ser racista. Oi?? É isso mesmo, minha gente. Quando uma série é feita com todo o elenco formada por negros, ela é racista. Tem lógica nisso? Acho que não! Na série, uma das protagonistas, Sam White diz o seguinte: "Quando negros se juntam na cantina os brancos dizem que é autossegregação. Não importa que os brancos sempre se juntem". Até Justin Simien, diretor do filme e roteirista da adaptação, se posicionou em respostas a todos os comentários sobre a série: “A igualdade é sentida como opressão pelos privilegiados e, portanto, três palavras benignas os colocam em uma luta por sua própria existência, mas eles não estão em perigo real. Qual é o meu papel como artista? Criar Histórias. Histórias nos ensinam empatia. Nos colocam nas peles de outras pessoas. Então conte sua história. Saia do armário. Escreva sua tese. Diga a verdade inconveniente”, disse.

Mesmo a escravidão tendo acabado há mais de 200 anos, estamos longe de viver em uma sociedade onde o negro é bem-visto, é bem-aceito. Muitos podem dizer que não, mas pessoas negras são discriminadas pela cor de sua pele. São os negros que são parados nas ruas por policiais apenas por pensarem que todo negro é bandido. A série aborda vários temas a serem debatidos, ela fala sobre: Racismo estrutural, violência policial, apropriação cultural, racismo reverso (só para constar, isso não existe!) e relacionamento inter-racial e muito mais: Sobre pessoas branca que só porque conhece, ou tem um amigo negro, fica com uma mulher negra, não se considera racista. Mesmo a série tendo como fundo uma universidade norte-americana, enxergamos isso em nosso próprio território. 

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), no Brasil, a violência, a criminalização e a pobreza “continuam a ter uma cor”, afetando de forma desproporcional a população negra do país.  No relatório feito por Rita Izsák, ela afirma que o país "fracassou" em mudar a realidade de discriminação e da pobreza que afeta os negros. Dos 56 mil homicídios no Brasil por ano, 30 mil envolveram pessoas de 15 a 29 anos. Desses, 77% eram garotos negros. No Rio de Janeiro, 80% das vítimas de homicídios resultante de intervenções policiais são negros. No relatório, ela ainda diz que a situação das mulheres brasileiras negras também é muito preocupante: "Pesquisas revelam que essa parcela do público feminino está mais sujeita a violência: em 2013, mulheres negras foram mortas numa proporção 66,7% maior do que as brancas", disse Rita Izsák.  

Se você tem interesse em assistir a série, ou ficou com vontade de ver depois desse post, fiquei à vontade, assista! Você não vai se arrepender. 





FonteOrganização das Nações Unidas (ONU)



Comentários

back to top